RAPUNZEL

Rapunzel

Susy Ramone
 

Esta é uma releitura do conto de origem alemã dos Irmãos Grimm. A história é muita difundida entre as crianças. No entanto, esta fantasia foi reescrita com certa ironia. A própria Disney, maior empresa vendedora de fantasia adaptada, também fez sua própria releitura, em Enrolados. Mas aqui, não esperem ler a mesma coisa. O tom suave de sarcasmo, a ironia à beleza, estão contextualizados neste pequeno conto desta escritora brasileira tão criativa, que vem mostrando seu trabalho e conquistando fãs pelo Brasil.

     Do alto da torre do castelo, pela fresta da única janela, a refém da feiticeira contemplava as ondas turbulentas que morriam no penhasco.
     Há muito ela foi trancada lá, mas nunca perdeu as esperanças de reconquistar a liberdade.  A décima filha de camponeses pobres fora entregue aos cuidados da bruxa, quando ao completar doze anos de idade, tornou-se um fardo para a sua família.
     Enquanto os irmãos menores já trabalhavam para trazer algum dinheiro, Rapunzel só pensava em escovar os longos cabelos e sonhar acordada diante da lasca de um espelho que trocara por um saco de arroz. Aquela atitude deixou seus pais enfurecidos, pois trabalharam duro para juntar os grãos que alimentariam a família por pelo menos uma semana.
Certo dia, a feiticeira do castelo viu a menina sentada debaixo de uma árvore conversando com o seu próprio reflexo. Muito curiosa ela perguntou:
     − Por que conversa com o espelho, menina?
     − Não tenho muitos amigos. −  Ela respondeu.
     − Ah, entendi. E por não ter com quem conversar, fala consigo mesma?
     − Sim.
   − Rapunzel! – Interrompeu a voz grave de seu pai. – Com tantos afazeres, você fica aí papeando? Ah como eu gostaria de me livrar de você!
    A feiticeira se angustiou pela grosseria do velho e imediatamente se ofereceu para levar Rapunzel para viver no castelo. O pai muito satisfeito livrou-se da filha imprestável naquele mesmo instante. 
     Nos primeiros dias, Rapunzel sentia-se muito feliz, pois a bruxa a tratava maravilhosamente bem; mas com o passar dos meses a velha feiticeira percebeu que tinha arrumado sarna pra se coçar.
     Rapunzel não queria ajudar nos serviços do castelo, vivia escovando os cabelos o dia todo e falando com aquele pedaço de espelho. Uma parasita é o que ela era e até que aprendesse a cooperar, ficaria trancafiada na masmorra a pão e água.
     Os anos passaram e Rapunzel jamais saíra da torre. Seus cabelos estavam tão longos que podia molhar as pontas na baía ao jogá-los pela janela.
     Numa noite, enquanto olhava para o mar iluminado pelo reflexo da lua, avistou uma figura masculina emergindo da água turva.
    Ele fez um sinal para que ela jogasse os cabelos e Rapunzel toda contente obedeceu aos comandos do homem que viera para lhe salvar. Ela pensou que o seu príncipe encantado subiria pelas longas madeixas, daria fim na bruxa e então os dois fugiriam para viverem felizes para sempre.
     Ao invés disso, o cavalheiro se agarrou com força nos cabelos de Rapunzel e a puxou para baixo, onde a pobre despencou pelo abismo, encontrando a água gélida do mar nebuloso.
    O homem desapareceu como um espectro da noite e Rapunzel transformou-se em uma sereia.
     A bruxa já havia se cansado de sustentar a moça preguiçosa e fez um feitiço para que tudo isso acontecesse.
     Já que Rapunzel gostava de escovar os cabelos e de se olhar no espelho, que fosse viver no mar, então. Não são estas as características das sereias?
     Todas as noites a feiticeira escutava o canto triste vindo do mar. Uma vez por ano, colocava jóias e espelhos novos num barquinho, despachando-o pelas águas. Com certeza este mimo saia bem mais barato do que alimentar a vagabunda todos os dias.


Um comentário:

  1. Esse conto fascina tanto as meninas que elas querem ficar igualzinha a RAPUNZEL, minha filha vivia me pedindo a fantasia, até que encontrei esse site que vende fantasias originais disney a fantasia é linda e o site seguro e frete é grátis www.crkids.com.br

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